Desafios. Gosto deles. Aqui nos colocamos alguns: contar uma
história sem palavras, ter como cenário elementos simples que possam ser
levados para qualquer espaço, compor uma trilha original para ser executada ao vivo. Corpo, imagem, som e movimento dando forma a esse espetáculo
para falar sobre êxodo, sobre ter que partir e abandonar tudo, sobre fugir
deixando para trás um mundo em ruínas, sobreviver.
Equipe altamente
profissional. O interesse de todos pela artesania teatral
proporciona um processo gradativo de descobertas obtidas através dos
experimentos diários; tempo prolongado de ensaios. Teremos aproximadamente 73
dias de ensaios em 4 meses. Quase um luxo. O compositor e
músico Tiago Constante se disponibiliza a estar presente durante todo o
processo, em todos os ensaios.
Nós artistas de teatro em geral nos dividimos em várias funções ou trabalhamos em mais
de um projeto ao mesmo tempo para conseguirmos sobreviver. Uma média de 12 horas de trabalho por dia
incluindo sábados e domingos. Não temos direito a férias, 13º salário, aposentadoria, plano
de saúde, auxílio alimentação e por aí vai. E ainda assim somos muitas vezes
vistos como vagabundos. O cidadão desconhece a realidade
do artista brasileiro e o papel que ele desempenha em nossa
sociedade.
Mas voltando ao processo... percebo, enfim, uma conexão entre meu corpo e o processo fisiológico respiratório proporcionando-me um enraizamento e o descanso produtivo de um corpo em “paz”. Essa
descoberta marca o antes e o depois. Incrível o trabalho de preparação vocal de Edith de Camargo.
Estreamos em março, cheios de expectativa com relação a
receptividade do público. Um público que faz parte de uma sociedade cada vez mais ignorante, mantida assim por nossos políticos e seus interesses escusos.
Tempos difíceis para a arte e cultura brasileira onde o retrocesso bate diariamente a nosso porta. Seguimos lutando, fazendo o que sempre fizemos e faremos, firmando, através da arte, nosso pensamento e posição política. Mesmo que o público despreparado e ignorante não queira nada disso.
Tempos difíceis para a arte e cultura brasileira onde o retrocesso bate diariamente a nosso porta. Seguimos lutando, fazendo o que sempre fizemos e faremos, firmando, através da arte, nosso pensamento e posição política. Mesmo que o público despreparado e ignorante não queira nada disso.
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